quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Novelas de Cavalaria - Fragmento A Demanda do Santo Graal


Dês i ferirom-na no braço destro de ũũ ferro qual convém a aquel mester e o sangue começou a sair e ela se sinou e comendou-se a Nosso Senhor. E depois disse aa dona:
- Eu som morta por guarecerdes vós. Por Deus rogade por minha alma.
E depois que a escudela foi chea de sangue esmoreceu ela e os III cavaleiros forom-lhe ao braço e estancarom-lhe o sangue e çarraron-lhe a ferida. E depois jouve gram peça esmorecida e acordou e disse:
- Irmão Persival, eu moiro por saúde desta dona. (Nunes, 1995:329)

Neste fragmento do texto nota-se  o sacrifício da donzela com a aproximação da figura de Cristo. O sangue, símbolo da redenção cristã, é altamente explorado nesse episódio.                
A aproximação com o sacrifício de Cristo estende-se até a frase que evoca o perdão divino e exalta a piedade em relação aos opressores. O sacrifício da irmã de Persival e o derramamento de seu sangue curam a mulher leprosa e também permite que os três cavaleiros, presos no castelo, prossigam suas “aventuras” em busca do santo Graal. A aparente fragilidade da jovem em relação aos fortes cavaleiros também remete a Cristo, que como um cordeiro sacrifical admite em si o sacrifício em favor de outros.

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