quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Novela de Cavalaria - João de Barros e a Crônica do Imperador Clarimundo

A narrativa cavaleiresca. 

João de Barros e a Crônica do Imperador Clarimundo.


Nascido do casamento de Adriano, rei da Hungria, com a filha do rei de França, “Clarimundo” é tirado aos pais pelas intrigas de uma ama. Abandonado junto duma fonte, é recolhido por Grionesa, nobre viúva italiana, e educado por esta como filho. Ainda muito jovem pede e consegue ser armado cavaleiro pelo rei de França, que ignora ter diante de si o próprio filho. Iniciam-se, neste ponto, as maravilhosas aventuras e as muitas peregrinações do herói que é, entretanto, reconhecido pela mãe, acabando depois por encontrar ‘Clarinda’, a mulher da sua vida, filha de Apolinário, imperador de Constantinopla.
A relação amorosa segue os esquemas clássicos do género: é um sentimento sublime que consegue superar os obstáculos e dificuldades de toda a espécie e que será coroado pelo matrimónio, primeiro consumado em segredo, depois realizado oficialmente, após “Clarimundo”, com outros cavaleiros, ter derrotado as forças do Grão-Turco que haviam chegado a ameaçar as muralhas de Constantinopla.
No contexto destas aventuras deve ser referida aquela que, com todo o direito, pode ser considerada a mais importante do romance, visto que constitui o verdadeiro objectivo da sua composição.
No capítulo IV do terceiro e último livro encontramos “Clarimundo” em Portugal, na companhia do mago “Fanimor”, desde sempre o seu protector oculto. Este condu-lo ao alto da torre de Sintra e aqui, tomado pelo espírito profético, descreve-lhe em versos a sua gloriosa descendência: dele procederão os reis de Portugal que estenderão o seu domínio desde as regiões orientais extremas até às mais ocidentais.
A profecia de “Fanimor” ocupa no seu conjunto 41 oitavas e uma quadra em versos de ‘arte maior’, mas por si só confere um sentido novo a todo o romance. “Clarimundo” não é, ou não é mais, um dos muitos heróis dos romances de cavalaria; a sua função não se resolve simplesmente ao nível pedagógico exemplar, já que a sua acção, o seu heroísmo e a sua “corteisie”,recebem também um superior crisma épico.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. cavalaria que, de acordo com o autor, se trata de uma tradução fiel de um manuscrito original húngaro em que era contada a vida aventurada do Imperador Clarimundo. Aqui, a personagem é apresentada como progenitora de D. Afonso Henriques, e como o verdadeiro primeiro rei de Portugal. Trata-se de pura ficção, até porque nada indica que Barros soubesse a língua húngara. O enredo é “labiríntico”, complexo e difícil de explicar. Em 104 capítulos, João de Barros insere 250 personagens, eventos de ordem natural e sobrenatural, fazendo mesmo menção a feitos dos reis portugueses. As batalhas desenrolam-se entre muçulmanos, monstros, feiticeiros, bruxos e mágicos. No final de cada capítulo existe uma reflexão e conclusão moral que constitui a parte mais substancial da obra.

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